Introdução
Olá, aluno(a)! Iremos adentrar na história da Literatura Infantil, dessa forma, conheceremos como foi seu início, desenvolvimento e expansão. Desde os tempos mais remotos, a leitura de contos de fadas trabalha o imaginário da criança. Histórias com princesas, anões e fadas, fazem parte da vida das crianças, pois permitem que varinhas mágicas e fadas resolvam problemas em passes de mágica e, assim, transportam-nas para um mundo encantado.
Com o surgimento da Literatura Infantil, modifica-se a forma como a criança era vista. Antes, encarada como um adulto em miniatura, começa, aos poucos, receber cuidados específicos ao ser considerada um ser diferente, com necessidade de cuidado e educação específicos.
A chegada da Literatura Infantil no Brasil ocorreu no século XIX, coincidindo com a abolição da escravatura. A burguesia, classe social crescente da época, queria transmitir a ideia de modernidade, de modo que a imagem do país fosse de ascensão na cultura e na economia.
Os autores começaram a introduzir nos contos infantis o fantástico, o maravilhoso, o faz de conta, criando uma nova fórmula para a Literatura Infantil. A partir daí, a Literatura infantojuvenil se consagra como gênero e autores de livros como Harry Potter e Alice no país das maravilhas, se consagraram mundialmente.
Neste momento, esteja preparado para ampliar seu conhecimento referente à Literatura infantojuvenil, contemplando fábulas e contos, e relembrando a magia da infância. Tenha uma boa leitura!
A Formação Histórica da Literatura Infantil
Lajolo e Zilberman (1986) ressaltam que a formação da Literatura Infantil expandiu-se simultaneamente na França e Inglaterra no início do século XVIII. No final do século XVII, na França, foram produzidas as primeiras obras para crianças: As Fábulas (1668), de La Fontaine; os Contos da Mãe Gansa (1691/1697), de Charles Perrault; os Contos de Fadas (1696/1699), de Mme. D’Aulnoy e Telêmaco (1699), de Fénelon (COELHO, 2000). Esse século passa a ser conhecido como o século do ensaio para o surgimento da Literatura Infantil.
As primeiras obras publicadas visando ao público infantil apareceram no mercado livreiro na primeira metade do século XVIII. Antes disto, apenas durante o classicismo francês, no século XVII, foram escritas histórias que vieram a ser englobadas como literatura também apropriada à infância (LAJOLO; ZILBERMAN, 2003, p.15).
Nesse momento, a criança começa ser considerada uma pessoa diferente do adulto, com suas próprias necessidades e características, sendo assim, deveria receber uma educação especial que a preparasse para a vida adulta.
Nessa época, a criança da nobreza e a criança das classes desprivilegiadas tinham um acesso diferente à Literatura Infantil. A criança da nobreza orientada por preceptores lia os grandes clássicos, as demais liam ou ouviam as histórias de cavalaria e aventura.
No Brasil, isso ocorreu no século XIX, coincidindo com a abolição da escravatura e a chegada da República. Antes disso, a circulação de livros era precária e irregular. Aos poucos, os livros infantis passaram a coexistir com as traduções nacionais, como as de Carlos Jansen com “Contos seletos das Mil e uma noites”. O gênero surgiu para formar a ideia de um país em processo de modernização e mudar a imagem do país econômica e culturalmente. Em outras palavras, a literatura passa a ser porta voz do processo de modernização dessa nova realidade. O século XX ficou conhecido como de expansão da Literatura Infantil.
Primitivamente, os contos dos irmãos Grimm e outros autores não eram fabulosos e nem endereçados a determinada idade. O conto era contado por e para adultos. Os narradores faziam parte da classe pobre, pois eram “empregados, pequenos arrendatários, marinheiros, diaristas, lavradores, artífices, pastores, pescadores e também mendigos”, segundo Zilberman (1998, p. 45).
Os contos de fadas não eram para crianças e não faziam parte da educação burguesa. É possível perceber isso nos próprios contos, pois “o conto de fadas sempre se liga de alguma maneira com a camada inferior e extremamente explorada”, como em Cinderela e Branca de neve, de acordo com Zilberman (1998, p. 45).
Charles Perrault foi uma figura importante na consolidação da Literatura Infantil, visto que era uma pessoa de destaque nos meios intelectuais franceses. No entanto, atribui à obra “Histórias ou narrativas do tempo passado com moralidades”, título original de “Mamãe Gansa”, a seu filho. Perrault se recusa a assinar a obra devido à falta de legitimação de obras infantis. Além de ser responsável pelo primeiro surto de Literatura Infantil, Perrault, com seu livro, provoca uma preferência pelo conto de fadas.
Das obras publicadas no século XVIII, poucas permaneceram. As que ficaram marcadas foram as adaptações de romances de aventuras como “Robinson Crusoé” (1719) de Daniel Defoe e “Viagens de Gulliver” (1726) de Jonathan Swift.
No século XIX, os irmãos Grimm, mais precisamente em 1812, editam sua coleção de contos de fadas que converte-se em sinônimo de Literatura para crianças. A partir daí fica marcado o tipo de literatura que agrada as crianças, definindo a linha de ação dos autores.
SAIBA MAIS
Irmãos Grimm
Conhecidos mundialmente pelos contos infantis que produziram no século XIX, os Irmãos Grimm tornaram-se um importante nome na literatura. Representando no papel as histórias contadas inicialmente de maneira oral, eles se destacaram por serem os primeiros a reunirem essas histórias de forma relevante e dedicarem-se ao universo infantil da forma como fizeram.
Para saber mais sobre os Irmãos Grimm, como sua biografia e características de suas obras, acesse o link disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/irmaos-grimm/>. Acesso em: 3.mar.2019.
Segundo Zilberman (2005), Perrault não é responsável apenas pelo primeiro surto de Literatura Infantil, já que seu livro provoca uma preferência pelo conto de fadas, colocando para dentro do livro uma produção que era somente de natureza popular e transmitida de forma oral.
Coelho (1997) afirma que a literatura aparece ligada a uma função especial que é atuar sobre as mentes e sobre os espíritos. Com ela e com a arte, em geral, os homens têm a oportunidade de transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Para Candido (1972, p. 805), a literatura tem função humanizadora, pois “mostra o homem para atuar na formação do próprio homem”, ou seja, preenche a necessidade de ficção e poesia que o homem tem, auxilia na formação de sua personalidade, favorecendo o conhecimento de mundo e do ser.
A Literatura pode formar; mas não segundo a pedagogia oficial, que costuma vê-la ideologicamente como um veículo da tríade famosa o Bom, o Belo, o Verdadeiro, definidos conforme os interesses dos grupos dominantes, para reforço de sua concepção de vida. Longe de ser um apêndice da instrução moral e cívica [...] ela age como impacto indiscriminado da própria vida e educa como ela, com altos e baixos, luzes e sombras (CANDIDO, 1972, p. 805).
Salem (1970) assevera que as obras voltadas para crianças até o século XVIII eram revestidas de caráter moral e didático. A autora afirma que a obras infantis do do século XIX, com o passar dos anos, finalmente tiveram o caráter de divertir sem a finalidade de lições de moral ou instrução. Os autores começaram a introduzir nos contos infantis o fantástico, o maravilhoso, o faz de conta e isso foi considerado a nova fórmula para a Literatura Infantil que “deverá ser responsável pela boa formação da personalidade das crianças, futuros adultos e dirigentes da nação”, conforme salienta Salem (1970, p. 61).
Com a modernização no século XIX, as histórias do gênero literário para crianças articulam-se às histórias das transformações da sociedade. O modo de conceber a Literatura Infantil começou a associar-se aos problemas da escola, como a reivindicação de material adequado às crianças ou a crítica de livros utilizados que eram considerados de má qualidade.
As origens da literatura infantil estariam nos livros publicados a partir dessa época, preparados especialmente para crianças com intuito pedagógico, utilizados como instrumento de apoio ao ensino. Como conseqüência natural deste processo, o didatismo e conservadorismo (a escola, afinal, costuma ser instrumento de transmissão dos valores vigentes) deveriam ser considerados componentes estruturais, por assim dizer, da chamada literatura para crianças (AZEVEDO, 2001, p. 1).
No Brasil, havia escritores que também tinham em vista esse público, mesmo não produzindo livros didáticos como Olavo Bilac, Manuel Bonfim ou Francisca Júlia. Os prefácios das obras desses autores esclarecem a destinação e a preocupação com a correção do estilo, a linguagem e ao nacionalismo presente nas falas e atitudes dos personagens.
Devido à aliança entre Literatura infantil e escola, foram os pedagogos os primeiros a se preocuparem com o valor do livro para as crianças. Sendo assim, como vimos anteriormente, a Literatura auxiliou em formar a ideia de um país em processo de modernização. A burguesia se consolidou como classe social apoiando instituições que trabalhavam para seu crescimento, como a família e a escola que contribuíram para a solidificação política e ideológica da classe.
O estereótipo familiar que a burguesia pretendia construir estava ligado por meio da divisão do trabalho entre seus membros. Ao pai, cabia sustentar a casa, à mãe, a gerência da vida doméstica. Mas, para tornar-se legítima, foi necessário promover o beneficiário maior desse esforço conjunto: a criança. A escola iria preparar as crianças, frágeis e despreparadas, para o enfrentamento maduro do mundo.

Fonte: Oksana Kuzmina / 123RF.
Cademartori (1986) diz sobre como a Literatura Infantil pode ser reconhecida pela criança como uma literatura de interesses, considerando o que é escrito, empresariado e comprado pelo adulto. A autora relata um jogo de forças na relação adulto/criança, no qual a criança é dependente intelectual, afetiva e financeiramente. Antes do século XVII e XVIII, a Literatura Infantil não existia porque não havia infância. Antes da consolidação da burguesia e de seu modelo familiar, a criança não era percebida como uma faixa etária diferente e nem seu mundo como um espaço separado, onde tanto as crianças, quanto os adultos participavam de eventos, mas não havia afetividade. A valorização da infância transformou a vida familiar, proporcionando união familiar.
REFLITA
O Modelo Familiar Burguês
Antes da constituição do modelo familiar burguês, inexistia uma consideração especial para com a infância. Essa faixa etária não era percebida como diferente, nem o mundo da criança como um espaço separado. Pequenos e grandes compartilhavam dos mesmos eventos, porém nenhum laço amoroso especial os aproximava.
Fonte: Zilberman (1998, p. 15).
A literatura é uma linguagem que expressa uma determinada experiência humana, sendo difícil ser definida com exatidão, conforme assevera Coelho (1997, p.24):
Cada época compreendeu e produziu Literatura a seu modo [...]. Conhecer a literatura que cada época destinou às suas crianças é conhecer os Ideais e Valores ou Desvalores sobre os quais cada sociedade se fundamentou.
Por meio da literatura, as crianças despertam para os valores humanos, aprendem pela participação dos sentimentos, da beleza e da grandeza que existe nas criaturas e nas coisas.
A criança era vista como um adulto em miniatura como abordado anteriormente, então, os primeiros textos infantis resultaram da adaptação de textos escritos para adultos. As dificuldades de linguagem, as digressões ou reflexões que estariam acima da compreensão infantil eram retiradas, assim como as situações ou conflitos não exemplares, mas as ações ou peripécias de caráter aventuresco eram realçadas.
Nos primeiros escritos de “A Bela Adormecida” havia estupro, traição e tentativa de assassinato. Uma história que de forma alguma poderia ser contada para crianças.
Na sociedade antiga, não havia a “infância”: nenhum espaço separado do “mundo adulto”. As crianças trabalhavam e viviam junto com os adultos, testemunhavam os processos naturais da existência (nascimento, doença, morte), participavam junto deles da vida pública (política), nas festas, guerras, audiências, execuções, etc., tendo assim seu lugar assegurado nas tradições culturais comuns: na narração de histórias, nos cantos, nos jogos. Somente quando a “infância” aparece enquanto instituição econômica e social, surge também “infância” no âmbito pedagógico-cultural, evitando-se “exigências” que anteriormente eram parte integrante da vida social e, portanto, obviedades (ZILBERMAN, 1998, p. 44).
De acordo com Coelho (1997), até pouco tempo em nosso século, a Literatura Infantil era vista pela crítica como um gênero secundário e pelo adulto como algo pueril (nivelado ao brinquedo) ou útil (equivalente à aprendizagem ou meio para manter a criança entretida e quieta). A autora salienta que a valorização da Literatura Infantil como fenômeno de formação das mentes infantis é conquista recente. Determinadas obras destinadas aos adultos, com o tempo e por meio de um processo de adaptação transformaram-se em entretenimento para crianças. Muitas dessas obras que foram transformadas em clássicos da Literatura Infantil nasceram no meio popular.
Cunha (2003) assevera que a Literatura Infantil é abrangente, pois toda obra literária para criança pode se lida pelo adulto, fazendo dela mais abrangente do que a obra para o adulto que pode ser lida apenas por ele, sendo considerada, portanto, menos abrangente.

Fonte: Rawpixel / 123RF.
De acordo com Abramovich (2004), a abordagem do maravilhoso com a fantasia são os motivos que levam as crianças a se encantarem pelo mundo do conto de fadas pertencentes à Literatura Infantil, vivenciando um mundo fora de sua realidade e comparando situações da vida concreta e fictícia.
Os contos de fadas possuem narrativa simples, que são fáceis de serem entendidas. As personagens principais são heróis, bons e belos, de modo que a criança se identifica com sua coragem para resolver os problemas, vivenciando, assim, a personificação de seus problemas infantis. A criança acaba encontrando semelhanças entre sua história de vida e a história do livro, pois o herói é visto como aquele que possui coragem para resolver os problemas sempre da forma correta: com a verdade. Esse processo da vivência do real e comparação com o conto de fadas deve ser mediado por um professor que deve acompanhar a leitura desse aluno realizando uma interpretação adequada da história de forma que auxilie o aluno na compreensão e interpretação do conto. Dessa forma, a realização e comparação da história lida com fatos de sua vida será feita de forma que o aluno compreenda o mundo, a sociedade e a família.
Com o passar do tempo, a literatura inicia um novo tipo de abordagem, chamada de literatura realista para criança, a partir dos anos 1970. Nas histórias realistas aparecem o lado bom e o lado ruim das personagens, de modo que a criança deve entender e aprender que existem os dois lados e que todos têm isso. Um grande exemplo de histórias realistas está nos livros de Monteiro Lobato, pois funde Real x Fantasia, deixando claro que é importante um pouco de cada.
Magalhães (1997) faz críticas aos clássicos infantis e eleva o novo modo de Literatura Infantil, o realista. A autora enfatiza que os clássicos infantis mantêm estereótipos: a princesa é bela, dócil e a escolhida pelo príncipe; a bruxa uma mulher má, feia e rejeitada, ligando o estereótipo das mulheres ao comportamento. Ainda há críticas, pela autora, no livro “O Patinho feio”, em que o protagonista não faz nada para mudar sua situação, e pelos clássicos “Chapeuzinho Vermelho”, “Cinderela” e “Branca de Neve e os Sete anões” em que relacionam preceitos de cunho sexual, “desvendado” por outros críticos.
A década de sessenta, qualificada como uma ‘década de qualidade’ da Literatura Infantil e Juvenil presenciou o auge das formas literárias realistas e a preponderância dos valores educativos característicos dos movimentos de renovação pedagógica (TEBEROSKY, 2003, p. 73).
Atualmente, os críticos se dividem sobre o novo modelo de produção literária. A demonstração da realidade deve fazer parte do universo infantil, mas de maneira tranquila para que não afaste a criança do fantástico presente na Literatura Infantil, pois a magia deve fazer parte da vida da criança.
A Literatura Infantil no Brasil e suas Características
A Literatura Infantil europeia teve início, aproximadamente, no século XVIII, mas no Brasil veio surgir quase no século XX. Com a implantação da Imprensa Régia começam a serem publicados livros para crianças, como a tradução de “As aventuras pasmosas do Barão de Munkausen” (1818), mas essa e outras eram publicações esporádicas e, por isso, insuficientes para caracterizar uma produção literária infantil brasileira.
Podemos destacar alguns fatos históricos importantes de 1890 a 1920 que influenciaram o desenvolvimento da literatura no Brasil:
- 1888: Abolição da Escravatura.
- 1889: Proclamação da República.
- 1900-1922: Pré-Modernismo.
- 1922: Modernismo – povo precisava ser melhor educado, incentivado à leitura, e para isso fazia-se necessário material didático.
Com isso, houve a formação e a consolidação desse gênero que não existia no Brasil. A coincidência da Literatura Infantil brasileira com a abolição da escravatura convergia para formar a imagem de um país em processo de modernização.
É válido destacar que somente quando Figueiredo Pimentel obteve a incumbência, da Livraria Quaresma, da tarefa de compilar e adaptar histórias infantis europeias é que percebemos o início de nosso acervo nacional, pois houve, pela primeira vez, a preocupação de um projeto editorial desse gênero literário.
Dessa forma, escreve “Contos da carochinha”, “Histórias da avozinha”, “Contos de fadas”, “Histórias da baratinha” e ainda crônicas, pesquisas e relatos da época. Assim, versões brasileiras de textos de Perrault, Grimm e Andersen, circulavam na intenção de nacionalização do acervo europeu. Perrault e os irmãos Grimm tiveram seus contos adaptados e republicados várias vezes. A adaptação das histórias infantis estrangeiras era considera uma solução, pois o país não tinha uma tradição de escritores destinados às crianças, então as soluções encontradas foram traduzir as obras estrangeiras, adaptá-las para as crianças, reciclar o material escolar, pois os leitores eram adultos, e buscar direcionar para os livros infantis a tradição popular.
Não havendo, pois, uma tradição para dar continuidade, aparecem algumas opções: traduzir obras estrangeiras, adaptar livros adultos para crianças, transformar material didático em literatura – já que o público infantil e o escolar neste caso coincidem – e, por fim, adaptar a tradição popular, de caráter oral. Vale ressaltar que essas opções também foram empregadas na Europa, onde as traduções foram menos frequentes, mas abundaram as adaptações, a ponto de algumas obras escritas originalmente ao público adulto ficarem conhecidas como literatura infantil, tais como Robinson Crusoé e As viagens de Gulliver, bem como recorreu-se a tradição oral e popular, caso das obras hoje conhecidas como contos de fadas. (VALERIO, 2014, p. 80).
No Brasil, esse contexto é bem visível no século XIX, coincidindo com a abolição da escravatura e a chegada da República. O gênero surgiu para formar a ideia de um país em processo de modernização e mudar a imagem do país econômica e culturalmente, ou seja, a literatura passa a ser porta voz do processo de modernização dessa nova realidade. Lajolo e Ziberman (1986) comentam que:
A Literatura Infantil se converte facilmente em instrumento de difusão das imagens de grandeza e modernidade que o país, através das formulações de suas classes dominantes, precisa difundir entre as classes médias ou aspirantes a elas no conjunto das camadas urbanas de sua produção. (LAJOLO; ZILBERMAN, 1986, p. 18).
As autoras salientam que o gênero difundia o patriotismo, o ufanismo e tinha a função de mostrar um país idealizado, sem problemas.

Fonte: Alexlmx / 123RF.
No Brasil, destaca-se na Literatura Infantil Monteiro Lobato que se preocupava em escrever histórias para crianças numa linguagem que as interessassem. Merecem destaque as traduções que João Ribeiro fez em 1891 do livro italiano “Cuore” e as traduções e adaptações coordenadas por Arnaldo de Oliveira Barreto que constituíram a Biblioteca Infantil Melhoramentos, além das autoras Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira com “Contos Infantis”, de 1886. Em 1907, Olavo Bilac e Coelho Neto editam “Contos Pátrios”, e após sete anos Júlia Lopes de Almeida volta com “Era uma vez”. Posteriormente, Tales de Andrade encerra o primeiro período da Literatura Infantil brasileira.
Mais tarde, com as publicações de Monteiro Lobato, outros autores e romancistas começam a se destacar compartilhando da evolução da Literatura Infantil, como José Lins do Rego com “Histórias da velha Totonha” (1936), Luís Jardim com “O Boi Aruá” (1940), Lúcio Cardosos com “Histórias da Lagoa Grande” (1939), Graciliano Ramos com “Alexandre e outros heróis” (1944), além de Érico Veríssimo com “As aventuras do avião vermelho” (1936), Menotti Del Picchia e Cecília Meireles. A produção literária infantil cresce e, com isso, demonstra a atração que começa exercer nos escritores que estavam comprometidos com a renovação da arte no Brasil, provando que o mercado de livros infantis estava em expansão.
Em seu início, no Brasil, a Literatura Infantil tinha um discurso monológico, só a voz do narrador prevalecia, devido a determinação pedagógica da época para que não houvessem brechas para interrogações. Assim, tudo se concentrava na voz do narrador, aquele que direciona a história, por meio de uma única voz. Isto é, o mais importante era a voz da verdade, retirando da criança a capacidade de argumentar e criticar. A participação da personagem criança, muitas vezes, era reduzida e dependia da intervenção de um adulto para solução da narrativa.
Com a modernização, a ascensão da classe média e a era industrial, os livros começam a ser produzidos em série, desenvolvendo um comércio especializado no público infantil. Muitos autores não perderam a oportunidade de inserir-se nesse promissor mercado de trabalho, como Mário Quintana, Cecília Meireles, Vinícius de Morais e Clarice Lispector.
As Características da Literatura Infantil
As obras voltadas para crianças devem apresentar características importantes para envolvê-las. Cunha (2003) julga que a obra de arte para adultos e crianças são basicamente as mesmas, diferenciando-se apenas quanto a complexidade de concepção, sendo que a obra para o público infantil terá recursos mais simples, mas não será menos valiosa. A simplicidade da linguagem ou da arquitetura da obra pode ser percebida pela criança e a leitura pode se transformar em obrigação ou a obra pode ser abandonada pelo artificialismo presente. A autora assevera que a narrativa para a criança deve ter dramatismo e movimentação. Livros que apresentam fatos novos a todo momento certamente serão mais interessantes, pois situações imprevistas e peripécias movimentam o espírito infantil.
Coelho (1997) ressalta que a Literatura Infantil é, antes de tudo, arte e fenômeno que representa o homem, o mundo e a vida. Tem a mesma natureza da que se destina aos adultos, mas a expressão “Literatura Infantil” transmite a ideia de livros coloridos destinados à distração das crianças, e devido a essa função básica, até bem pouco tempo, a Literatura Infantil foi minimizada como criação literária e tratada pela cultura como um gênero menor. Seu conteúdo deveria ser adequado à compreensão e ao interesse da criança, pois desde a origem, a Literatura Infantil está ligada à diversão ou ao aprendizado. Já, Carvalho (1973, p. 48) afirma que a Literatura Infantil:
é todo acervo literário eleito pela criança: tudo aquilo que, depois de sua aceitação, se fixou e se imortalizou através dela [...] é, portanto aquela que se pretende endereçar à criança... mas que nem sempre ela a elege; acontecendo, não raro, o contrário.
Coelho (1997) afirma que a Literatura aparece ligada a uma função especial que é atuar sobre as mentes e sobre os espíritos. Com ela e com a arte em geral, os homens têm a oportunidade de transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Para Candido (1972), a literatura tem função humanizadora, pois “mostra o homem para atuar na formação do próprio homem”, ou seja, preenche a necessidade de ficção e poesia que o homem tem, auxilia na formação de sua personalidade e favorece o conhecimento de mundo e do ser.
Com a consolidação da burguesia, houve o incentivo de instituições que favorecessem as metas planejadas dessa nova classe. Uma dessas instituições é a família, que julgava a preservação da infância necessária. Com isso, surgiu um novo papel da criança na sociedade que motivou o aparecimento de objetos industrializados como o brinquedo e o livro, mas sua função era apenas um meio de aumentar o lucro, o consumismo, pois eram vistos como seres frágeis, desprotegidos e dependentes. A segunda instituição que colabora para a solidificação da burguesia era a escola, que tinha a intenção de preparar as crianças “para o enfrentamento maduro do mundo”, de acordo com Lajolo e Zilberman (1986, p.16).
Numa sociedade que cresce por meio da industrialização e se moderniza em decorrência dos novos recursos tecnológicos disponíveis, a literatura infantil assume, desde o começo, a condição de mercadoria (LAJOLO; ZILBERMAN, 1984, p. 18).
Lajolo e Zilberman (1984, p. 19) enfatizam o fato dos autores mostrarem “o modo como o adulto queria que a criança visse o mundo [...]”, isto é, o escritor escrevia para os “adultos em miniatura”, demonstrando, muitas vezes, uma fuga da realidade e um mundo idealizado. O adulto escrevia o que ele queria que a criança lesse, caracterizando uma literatura escapista, de doutrinação. A circulação da Literatura Infantil ufanista e patriótica “se inspira em obras similares européias” (LAJOLO; ZIBERMAN, 1984, p. 39).
De acordo com Coelho (1997), a valorização da Literatura Infantil como fenômeno de formação das mentes infantis é conquista recente. Determinadas obras destinadas aos adultos, com o tempo e por meio de um processo de adaptação, transformaram-se em entretenimento para crianças. Muitas dessas obras que foram transformadas em “clássicos” da Literatura Infantil nasceram no meio popular.
Em todas elas havia a intenção de transmitir determinados valores ou padrões a serem respeitados pela comunidade [...] no povo e na criança, o conhecimento da realidade se dá através do sensível, do emotivo, da intuição [...]. Em ambos, predominava o pensamento mágico, com sua lógica a própria (COELHO, 1997, p. 27).
Conforme Coelho (1997), a Literatura Infantil pode instruir e divertir simultaneamente. Há variedades de tipos de literatura em que as duas intenções (divertir e ensinar) estão presentes, porém em doses diferentes. Observa-se que Coutinho (2003) tem o mesmo parecer, pois enfatiza que o livro infantil tem a tarefa de recrear, educar e favorecer o desenvolvimento da inteligência da criança.
Segundo Cadermatori (1986, p. 24), a Literatura Infantil exerce a função de instrumento de emancipação da manipulação da sociedade, pois mesmo a criança sendo dependente do adulto, a literatura possibilita “a reformulação de conceitos e a autonomia do pensamento”. Por muito tempo, a preocupação pedagógica omitiu questões relacionadas “à sexualidade, ao racismo, à segregação das mulheres e outras mazelas da sociedade e de seus jogos de poder” (CADERMATORI, 1986, p. 24). Foi também por determinação pedagógica que na Literatura Infantil havia somente a voz do narrador sem nenhum espaço para interrogações caracterizando, assim, um monólogo
O Maravilhoso Mundo das Fábulas
A Literatura Infantil é desinteressada na sua essência, no que diz respeito ao ensino sistemático, mas deve ser educativa e instrutiva. O livro deve ser um deleite para a criança, fazendo crescer o amor pela leitura e a linguagem deve ser compreensível, porém conter palavras que alarguem o vocabulário.
Como citado anteriormente, no final do século XIX foram surgindo literaturas com o intuito de divertir, fazer a criança usar a imaginação e a sensibilidade, e despertar o interesse para a literatura. Um dos gêneros pertencentes à Literatura Infantil é a Fábula que, além de recrear, faz a criança refletir sobre determinadas atitudes do homem. Por ser considerada uma forma de transmissão de conhecimento, será realizado, por meio deste trabalho, um sucinto estudo sobre a fábula.
Em seus primórdios, a Literatura foi essencialmente fantástica: quando os fenômenos da vida e princípios das coisas eram inexplicáveis pela lógica, o pensamento mágico ou mítico dominava.
À essa fase mágica, e já revelando preocupação crítica com a realidade ao nível das relações humanas, correspondem às fábulas. Nesta, a imaginação representa em figuras de animais, os vícios e virtudes que eram característicos do homem [...] compreende-se, pois, porque essa literatura arcaica acabou se transformando em Literatura Infantil: a natureza mágica de sua matéria atrai espontaneamente as crianças (COELHO, 1997, p. 49).
Em suas origens indo-europeias, as narrativas exemplares foram chamadas de fábulas. Esses textos apresentam situações vividas por animais, seres inanimados, ou, ainda, por humanos e seres trans reais como a Morte, a Caridade e os Deuses. A fábula é considerada uma narrativa de natureza simbólica e deve transmitir moralidade. Surgiu no Oriente, mas foi reinventada no Ocidente pelo grego Esopo e aperfeiçoada, séculos depois, pelo escravo romano Fedro (séc. I a.C.) que a enriqueceu estilisticamente. É uma fórmula literária que conseguiu resistir até os nossos dias sem perder sua característica essencial: ser uma história de animais que prefiguram os homens, diverte o leitor e ensina a moral. A presença do animal é que distingue a fábula das outras espécies metafóricas ou simbólicas. Suas personagens são sempre símbolos, ou seja, representam algo num contexto universal, por exemplo, o leão é símbolo da força, da majestade, do poder, já a raposa é símbolo da astúcia, e o lobo representa o poder despótico.

Fonte: thouartfree / 123RF.
A origem desse gênero se perde no tempo, contudo Esopo é o criador da fábula para a tradição escrita e Fedro foi quem a introduziu na Literatura Latina, conforme explica Carvalho (1972). A fábula é considerada expressão de uma sociedade adulta e cética que enfatiza os sentimentos menos elevados: os sentimentos negativos do homem.
Conforme Jesualdo (1982), a fábula é um gênero de expressão que inicia com as crianças e se projeta até a idade adulta. O nome fábula vem de fabla (falar) que é o mesmo que fabular ou narrar fábulas, contos, lendas. O sentido desse gênero em que intervêm somente homens (que passaram a ser chamadas de parábolas) ou a alternância de homens, animais e seres inanimados (fábulas mistas, isto é, apólogos), em qualquer desses casos tem por fim, como um princípio geral, a moral. O autor enfatiza que professores que estudaram essa forma literária afirmam que devemos “atribuir aos animais somente qualidades e ações que conservem analogia com seus instintos e propriedades naturais” (JESUALDO, 1982, p. 144). A fábula como expressão que tende a transmitir um conhecimento, ou uma lição, remonta a tempos muito antigos e “provém da necessidade natural que o homem sente de expressar seus pensamentos” (JESUALDO, 1982, p. 144).
Carvalho (1972) afirma que nas fábulas moldadas pelo espírito clássico, consideradas armas satíricas, “os animais perdem a sua natureza, para encarnarem os vícios humanos: o leão não é o nobre rei dos animais, mas o opressor, símbolo da tirania e do despotismo [...] e assim desfila continuamente a galeria fônica” (CARVALHO, 1972, p. 44). Os animais retratam os vícios e as maldades do homem, isto é, falam e agem de forma negativa assim como o homem. A autora conclui:
Não são os animais [...] é o animal símbolo da má conduta humana. Não negamos a graça e o encanto da fábula, negamos o espírito da fábula clássica que [...] não foi escrita para menores. As fábulas devem ser escolhidas e adaptadas à criança. (CARVALHO, 1972, p. 44).
A fábula como forma literária de caráter crítico, de análise precisa, apresenta a necessidade humana de transmitir um conhecimento, uma experiência ou uma crítica de forma impessoal.
[A fábula] nasceu sob o terror, em horas de desprezo absoluto pela consciência e pensamentos alheios, [...] sob o império do absolutismo e do medo; sob a ficção o poeta comentou a tirania, combateu a força, atacou a injustiça, defendeu a virtude, esbofeteou os néscios, os estultos (JESUALDO, 1982, p. 162).
O povo, o qual não tinha o direito de expressão, valeu-se dos animais (seres irracionais) que deram costumes e caracteres humanos, para acusar os ditadores. Esse conceito levou a pensar que a fábula deve sua origem à escravidão, mas é anterior à escravatura. Esopo a levou do Oriente para a Grécia, assim como Fedro a levou para Roma. Na verdade, a escravidão encontrou na fábula seu grande veículo para ditar lições morais aos seus amos, à sociedade. Jesualdo (1982, p. 139) sobre as fábulas diz que:
Pode instruir os homens, mas às crianças é preciso dizer a verdade sem disfarces; quando nós a encobrimos com um véu, elas não se dão ao trabalho de descerrá-lo... Afirmo que a criança não compreende as fábulas que lhe são ensinadas porque, embora nos empenhamos muito em que as compreenda, a lição que delas queremos tirar obriga-nos a introduzir idéias fora do seu alcance, e a forma poética das fábulas, ajudando-a que ela as decore, é motivo de concebê-las com mais dificuldade, de sorte que, à custa da clareza, se compara a diversão [...] se um aluno não entende a fábula sem a explicação, estejam certos que tampouco a compreenderá sem ela.
As fábulas não podem ter qualquer confusão interpretativa sobre aquilo que pretendem ensinar: conceito claro e concreto, sobriedade narrativa no seu desenvolvimento, linguagem acessível, que não seja abstrata ou inacessível, pois serão entregues às crianças e, antes disso, devem ser objeto de meditada seleção e amplo estudo.
A fábula entre os antigos foi uma forma quase sempre em verso. De modo geral, apresenta duas características, conforme Tavares,
- Ter por assunto a vida de animais.
- Ter por finalidade uma lição de moral.
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, observou-se que o início da Literatura Infantil, entendida como gênero, foi repleta de percalços. Seu início, na Europa, estava ligada às histórias contadas por camponeses, que permaneceu arraigada na história até ser transmitida para os livros por meio de contos. Os irmãos Grimm, em seu livro de contos, inseriram e perpetuaram essas histórias. Dessa forma, contos como Branca de Neve e Cinderela ficaram conhecidos no mundo todo.
Vimos que a expansão da Literatura Infantil no Brasil ocorreu por traduções de obras já existentes e, com o passar dos anos, autores foram dando a devida importância à Literatura Infantil e, assim, produzindo obras, mesmo de cunho pedagógico, para crianças.
Procurou-se observar a Literatura Infantil como importante componente da literatura, de modo que modificou a maneira que a criança era vista pela sociedade. As obras também tiveram seu caráter modificado com o intuito não apenas de entreter, mas também de ensinar a criança.
Assim, encerra-se esta unidade que abrangeu teoria literária, literatura e literatura infantil com a intenção de que você, caro(a) aluno(a), tenha o conhecimento inicial sobre esses temas.
Indicação de leitura
Livro: Conto dos Irmãos Grimm
Autor: Clarissa Pinkola Estés
Ano: 2004
Editora: Rocco
ISBN: 8532519040
Seja por meio de livros ilustrados, desenhos animados ou até de antigos disquinhos coloridos, todo mundo conhece Branca de Neve, Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho e A Gata Borralheira (hoje mais famosa como Cinderela), só para citar algumas das muitas histórias dos irmãos Grimm. Nem todos, no entanto, sabem da origem e do profundo significado cultural dessas narrativas populares. Talvez seja esse o maior mérito da rica edição de Contos dos irmãos Grimm, que traz 53 histórias acompanhadas de belas ilustrações do mestre vitoriano Arthur Rackham (1867-1939) e apresentadas pelo prefácio da analista junguiana Clarissa Pinkola Estés.
No longo e precioso ensaio A terapia dos Contos, que abre o livro, a Dr.ª. Clarissa Pinkola Estés discorre sobre a história, a moral e o simbolismo das narrativas compiladas pelos Grimm no início do século XIX. Dependendo do narrador e da audiência, eram histórias em maior ou menor escala carregadas de sexo e violência, escatologia e sátira social.
A nova edição de Contos dos irmãos Grimm, com seleção e prefácio explicativo da Dr.ª. Clarissa Pinkola Estés resulta num livro obrigatório para os apreciadores do gênero, trazendo os mais belos contos acompanhados de sua história.
Fonte: Travessa (2019).

Atividade
Tendo em vista a origem da Literatura infantil e as características deste gênero literário pode-se afirmar que:
Charles Perrault e os irmãos Grimm foram os primeiros a publicar histórias da Literatura Infantil.
Incorreta: Charles Perrault foi um dos grandes precursores para firmar a literatura infantil. No século XIX, os irmãos Grimm, mais precisamente em 1812, editam sua coleção de contos de fadas, que converte-se em sinônimo de Literatura para crianças.
Os primeiros textos infantis resultaram da adaptação de textos escritos para adultos.
Correta: A criança era vista como a miniatura de um adulto, então, os primeiros livros infantis foram transformados e adaptados de livro produzidos para os adultos. A literatura era, portanto, um gênero criado por adultos e para adultos, muitas vezes, com todas as características e vivências desse período, como traições, violência, desvios de conduta, dentre outros.
Nos primeiros escritos de “A Bela Adormecida” havia estupro, traição e tentativa de assassinato. Uma história que de forma alguma poderia ser contada para crianças. Não existia essa concepção pedagógica de “infância” que temos nos dias de hoje, assim, as crianças participavam ativamente do mundo dos adultos, o que não era diferente na Literatura.
Os contos de fadas surgiram inicialmente com o intuito de distrair as crianças e apresentavam variados personagens, como rainhas, heróis e, principalmente, animais.
Incorreta: Os contos de fadas não eram para crianças e não faziam parte da educação burguesa, isso podemos perceber nos próprios contos. Apresentam personagens como heróis, rainhas, princesas, dentre outros, mas os animais são personagens típicos das fábulas.
A formação da Literatura Infantil expandiu-se simultaneamente na Europa e no Brasil no início do século XVIII.
Incorreta: A formação da Literatura Infantil expandiu-se simultaneamente na França e Inglaterra no início do século XVIII. No final do século XVII, na França, foram produzidas as primeiras obras para crianças: As Fábulas (1668), de La Fontaine; os Contos da Mãe Gansa (1691/1697), de Charles Perrault; os Contos de Fadas (1696/1699), de Mme. D’Aulnoy e Telêmaco (1699), de Fénelon (COELHO, 2000). Esse século passa a ser conhecido como o século do ensaio para o surgimento da Literatura Infantil, ou seja, do desenvolvimento da Literatura Infantil. No Brasil, essa literatura se firmou tempos depois, sendo que em nosso país o século XX foi o que teve maior destaque nesse contexto.
As histórias apresentadas pela Literatura Infantil permaneceram estáticas por muito tempo, tendo somente no século XX uma mudança radical em relação à sua concepção na sociedade.
Incorreta: Com a modernização no século XIX, as histórias do gênero literário para crianças articulam-se às histórias das transformações da sociedade. O modo de conceber a Literatura Infantil começou a associar-se aos problemas da escola, como a reivindicação de material adequado às crianças ou a crítica de livros utilizados que eram considerados de má qualidade.
Atividade
Sobre o surgimento e a consolidação da Literatura Infantil no Brasil, pode-se afirmar que:
O primeiro livro de Literatura Infantil a ser publicado no Brasil foi “As aventuras pasmosas do Barão de Munkausen”, o que caracterizou a consolidação deste gênero literário.
Incorreta: Com a implantação da Imprensa Régia começam ser publicados livros para crianças como a tradução de “As aventuras pasmosas do Barão de Munkausen” (1818), mas essa e outras eram publicações esporádicas e, por isso, insuficientes para caracterizar uma produção literária infantil brasileira.
Figueiredo Pimentel foi o responsável por publicar as primeiras obras literárias inéditas destinadas ao público infantil no Brasil.
Incorreta: Figueiredo Pimentel obteve a incumbência, da Livraria Quaresma, da tarefa de compilar e adaptar histórias infantis europeias. Dessa forma, escreve “Contos da carochinha”, “Histórias da avozinha”, “Contos de fadas”, “Histórias da baratinha” e ainda crônicas, pesquisas e relatos da época. Assim, versões brasileiras de textos de Perrault, Grimm e Andersen, circulavam na intenção de nacionalização do acervo europeu. Perrault e os irmãos Grimm tiveram seus contos adaptados e republicados várias vezes. A adaptação das histórias infantis estrangeiras era considerada uma solução, pois o país não tinha uma tradição de escritores destinados às crianças, então as soluções encontradas foram: traduzir as obras estrangeiras, adaptá-las para as crianças, reciclar o material escolar, pois os leitores eram adultos, e buscar direcionar para os livros infantis a tradição popular.
O gênero surgiu para formar a ideia de um país em processo de modernização e mudar a imagem do país economicamente e culturalmente.
Correta: A literatura no Brasil passa a ser porta voz do processo de modernização dessa nova realidade da sociedade brasileira. O século XX ficou conhecido como de expansão da Literatura Infantil no Brasil. O gênero difundia o patriotismo, o ufanismo e tinha a função de mostrar um país idealizado, sem problemas. E a coincidência da Literatura Infantil brasileira com a abolição da escravatura convergia para formar a imagem de um país em processo de modernização.
No Brasil, Monteiro Lobato foi o único escritor de Literatura Infantil no século XX.
Incorreta: No Brasil, destaca-se na Literatura Infantil Monteiro Lobato, que se preocupava em escrever histórias para crianças numa linguagem que as interessasse. Merecem destaque as traduções que João Ribeiro fez em 1891 do livro italiano “Cuore” e as traduções e adaptações coordenadas por Arnaldo de Oliveira Barreto que constituíram a Biblioteca Infantil Melhoramentos, além das autoras Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira com “Contos Infantis”, de 1886. Em 1907, Olavo Bilac e Coelho Neto editam “Contos Pátrios” e após sete anos Júlia Lopes de Almeida volta com “Era uma vez”. Posteriormente, Tales de Andrade encerra o primeiro período da Literatura Infantil brasileira.
Mais tarde, com as publicações de Monteiro Lobato, outros autores e romancistas começam a se destacar compartilhando da evolução da Literatura Infantil, como José Lins do Rego com “Histórias da velha Totonha” (1936), Luís Jardim com “O Boi Aruá” (1940), Lúcio Cardosos com “Histórias da Lagoa Grande” (1939), Graciliano Ramos com “Alexandre e outros heróis” (1944) e outros como Érico Veríssimo com “As aventuras do avião vermelho” (1936), Menotti Del Picchia e Cecília Meireles. A produção literária infantil crescia e, com isso, demonstra a atração que começa exercer nos escritores que estavam comprometidos com a renovação da arte no Brasil, demonstrando que o mercado de livros infantis estava favorável.
Uma das principais características da Literatura Infantil é a presença marcante da criança, bem como um papel de destaque ao ter voz e opinião bem delineados dentro das histórias narradas.
Incorreta: Em seu início, no Brasil, a Literatura Infantil tinha um discurso monológico, só a voz do narrador prevalecia, devido a determinação pedagógica da época para que não houvesse brechas para interrogações. Isto é, o mais importante era a voz da verdade, retirando da criança a capacidade de argumentar e criticar. A participação da personagem criança, muitas vezes, era reduzida e dependia da intervenção de um adulto para solução da narrativa.
Atividade
Um dos gêneros pertencentes à Literatura Infantil é a Fábula que, além de recrear, faz a criança refletir sobre determinadas atitudes do homem. Sobre a fábula assinale o que for correto.
É uma narração com personagens humanos que vivenciam cenas cotidianas da vida real.
Incorreta: Esses textos apresentam situações vividas por animais, seres inanimados, ou, ainda, por humanos e seres trans reais como a Morte, a Caridade e os Deuses. A fábula é considerada uma narrativa de natureza simbólica e deve transmitir moralidade. A presença do animal é que distingue a fábula das outras espécies metafóricas ou simbólicas. Suas personagens são sempre símbolos, ou seja, representam algo num contexto universal.
Surgiu no Ocidente por Esopo e Fedro em tempos bem remotos.
Incorreta: Surgiu no Oriente, mas foi reinventada no Ocidente pelo grego Esopo e aperfeiçoada, séculos depois, pelo escravo romano Fedro (séc. I a. C.) que a enriqueceu estilisticamente. É uma fórmula literária que conseguiu resistir até os nossos dias sem perder sua característica essencial: ser uma história de animais, que prefiguram os homens, diverte o leitor e ensina a moral.
Apresenta linguagem rebuscada e complexa para contextualizar as histórias apresentadas sobre a moral e o caráter dos homens.
Incorreta: As fábulas não podem ter qualquer confusão interpretativa sobre aquilo que pretendem ensinar: conceito claro e concreto; sobriedade narrativa no seu desenvolvimento; linguagem acessível, que não seja abstrata ou inacessível, pois serão entregues às crianças e antes disso devem ser objeto de meditada seleção e amplo estudo.
Podemos definir fábula por meio da característica de se utilizar de animais como personagens principais.
Incorreta: A fábula pode ser caracterizada por dois princípios insubstituíveis: ter animais como personagens protagonistas das histórias e ter por finalidade uma lição de moral, que é o cerne desse gênero.
Sempre possuem uma moral embutida na história narrada.
Correta: A fábula tem como princípio geral a moral e pode ser definida como uma expressão que tende a transmitir um conhecimento ou uma lição. Remonta a tempos muito antigos e possui um caráter crítico, onde os animais retratam os vícios e as maldades do homem, isto é, falam e agem de forma negativa assim como o homem, externalizando todos os vícios, defeitos, maldades e desvios de conduta e moral.