;
Unidade 2


Selecione a seta para iniciar o conteúdo

Introdução

Querido(a) aluno(a), nesta unidade iremos conhecer um pouco sobre a vida de José Bento Marcondes Monteiro Lobato. O escritor popularizou a Literatura Infantil de forma a contribuir com o seu crescimento literário.

Ao utilizar a criatividade para escrever “O Sítio do Picapau Amarelo”, Lobato conquista crianças, visto que demonstra com seus personagens inventados um mundo com características de verdadeiro, pois segundo Lobato: “quando um autor consegue que seus personagens abandonem as páginas de suas obras para viver livremente, sempre recriados na imaginação de cada um, realizou o supremo milagre da criação” (COUTINHO, 2003, p.212).

Anos depois de suas obras serem lidas e relidas, o livro de Monteiro Lobato “Caçadas de Pedrinho” foi acusado de abordar os negros e religiões africanas de forma preconceituosa. Assim sendo, sua obra não deveria mais fazer parte da literatura das escolas.

No entanto, a atribuição de obra preconceituosa foi abolida, pois percebeu-se que o professor deveria conduzir a interpretação por meio de uma leitura crítica, contextualizando a obra, para que a verdadeira essência seja transmitida, considerando que as obras de Monteiro Lobato são de grande valor para a literatura infantil nacional.

O autor e suas obras são conhecidos e estudados ainda hoje, e sua leitura é realizada por muitas crianças, contribuindo para o imaginário infantil. Vamos, agora, conhecer um pouco mais sobre esse grande autor.

Boa leitura!

Monteiro Lobato e outros Autores da Literatura Infantil

No Brasil, destaca-se na Literatura Infantil Monteiro Lobato, que se preocupava em escrever histórias para crianças em uma linguagem que as interessasse. Assim, com a evolução dessa literatura, romancistas e críticos da década de 1930 contribuíram para o crescimento da produção literária para crianças, como José Lins do Rego com “Histórias da Velha Totonha” (1936) e Graciliano Ramos com “Alexandre e outros heróis” (1944).

Figura 2.1 - Monteiro Lobato
Fonte: Editora Abril / Wikimedia Commons.

Lobato foi um dos escritores que mais contribuíram para o crescimento da Literatura Infantil no Brasil. O escritor é autor de obras infantis, como: “Reinações de Narizinho”, “O Saci”, “Caçadas de Pedrinho”, “Memórias de Emília”, “Fábulas”, entre outras.

Conforme Coelho (1981), coube a José Bento Marcondes Monteiro Lobato ser o divisor de águas da Literatura Infantil, pois rompe com o racionalismo tradicional e mostra o caminho para a criatividade. Seu sucesso ocorreu devido à realidade comum e familiar à criança ser penetrada pelo maravilhoso e fantástico: “[...] o Maravilhoso passa a ser integrante do Real e em lugar de este ‘real’ se tornar inverossímil ou se ‘des-realizar’, acontece exatamente o contrário: o inventado passa a ter foros de realidade” (1981, p. 356).

Conforme Lajolo (1985), Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882 em Taubaté. Era o primogênito do proprietário das fazendas Paraíso e Santa Maria. O primeiro filho de José Bento Marcondes Lobato e de dona Olímpia Augusto Monteiro Lobato. A infância ocorreu no aconchego doméstico com as irmãs menores Teca e Judite, com pescarias no ribeirão, banhos de cachoeira e passeios a cavalo.

O menino Juca, como era conhecido, ficou órfão bem cedo. José Bento e dona Olímpia morreram em 1898, e em 1899 o avô assumiu a guarda das crianças. Em 1900, Lobato inicia o curso de Direito na Faculdade de Direito de São Paulo no Largo de São Francisco. Formado, Lobato retorna a Taubaté e namora Maria Pureza da Natividade (LAJOLO, 1985). O último texto de Monteiro foi “Zé Brasil”, o autor morreu um ano depois de sua publicação, no auge da fama, em 05 de julho de 1948. No auge de sua fama,

reconheciam-no nas ruas, pediam-lhe autógrafos, entrevistavam-no a propósito de tudo, solicitava-lhe prefácios e cartas de apresentação [...] Lobato era amado pelas crianças, para as quais criara o Sítio de Dona Benta. Com elas se correspondia, visitava-as em escolas e bibliotecas [...] (KOSHIYAMA, 1982, p. 78).

Coutinho (2003) enfatiza que o grande escritor na obra de ficção para criança foi Monteiro Lobato, que criou um estilo próprio, acessível e gracioso, e por isso é considerado o grande escritor na obra de ficção para criança. Barbosa (1996, p.30) fala da infância de Lobato em Taubaté e da influência de seu avô, o Visconde de Tremembé, do qual herdou a fazenda.

Monteiro Lobato é um dos principais criadores da Literatura Infantil brasileira. As primeiras histórias de “Reinações de Narizinho” foram escritas em 1920 e publicadas em 1921. Viu a necessidade de “abrasileirar” a linguagem dos livros para crianças, pois achava uma linguagem “galega”.

Coutinho (2003, p. 212) diz que a obra de Lobato ganha relevo na criação de figuras como: Narizinho, Dona Benta, Emília, Visconde de Sabugosa, Rabicó etc. Fez também seu país maravilhoso e tão real que muitas crianças queriam conhecer o sítio e seus personagens. Na obra de Lobato “se observam tendências claras [...] a do realismo; a da fantasia como caminho para o questionamento de problemas sociais” (CUNHA, 2003, p. 24).

Lobato publica em 1921 A Menina do Narizinho Arrebitado, inicialmente destinado à leitura nas escolas. O sucesso da obra, no entanto, o faz reeditá-la para um público mais amplo sob um novo nome: Reinações de Narizinho. Sua última publicação inédita data de 1944, Os Doze Trabalhos de Hércules. Durante esse período sua produção literária destinada ao público infantil foi intensa. O sucesso editorial da obra lobatiana abriu um filão no mercado que possibilitou a difusão de um sem número de outros autores de literatura infantil, dentre eles, o mais conhecido foi Viriato Correia, cujo livro Cazuza, publicado em 1938, ainda hoje é reeditado (VALERIO, 2014, p. 81).

De acordo com Cunha (2003), é com Monteiro Lobato que a Literatura Infantil verdadeira tem início. O autor diz que “quando um autor consegue que seus personagens abandonem as páginas de suas obras para viver livremente, sempre recriados na imaginação e cada um, realizou o supremo milagre da criação” (COUTINHO, 2003, p. 212).

Lobato não escondeu a dureza da vida e desabafa no Sítio do Picapau suas amarguras e revoltas, que sobressaem em expressões ou conceitos chocantes.

Por sentir talvez necessidade de comunicar-se com as crianças, exagerou o que lhes devia dizer e exatamente porque sabia contar e tinha excepcional poder comunicativo, possuía uma fantasia numerosa e atraente, é que muitos de seus conceitos são perigosos e lhe prejudicam a obra (COUTINHO, 2003, p. 212).

O emprego de plebeísmos infantis de certos termos, como: “sorriso caramujal” e “fera espirradeira” podem ser pitorescos, mas não se aplica ao uso de expressões grosseiras, vulgares e xingamentos, como expressões usadas por Emília para falar com Anastácia. (COUTINHO, 2003).

De acordo com Vasconcellos (1982), Monteiro Lobato era um escritor engajado e tinha consciência de como era a sociedade. Seus temas são relativos à nossa história e aos problemas sociais em geral. A autora ressalta que a noção de nacionalismo, o tipo de representação do país, as soluções propostas para os problemas brasileiros e o tipo de oposição contra as autoridades estavam contidas na obra de Lobato. “Mais do que o povo, que Lobato tende antes a apresentar como vítima, são responsabilizadas pelo nosso atraso as classes dominantes brasileiras, a máquina burocrática do país” (VASCONCELLOS, 1982, p. 111).

Na construção do maravilhoso, Lobato cria um mundo ficcional próprio a partir da natureza e coisas diversas, sempre relacionando a esfera imaginária com a realidade. Com a ficção, o autor divertia as crianças além de ensiná-las a pensar o mundo através dela.

De acordo com Vasconcellos (1982), Lobato não se preocupa em passar apenas determinados valores para as crianças. Julga necessário despertar nos leitores uma atitude de desconfiança e crítica, torná-los capazes de pensar por si e serem questionadores. O moralismo em Lobato não pode tomar o tom edificante que normalmente tem nas obras para crianças. Acreditava que era o conhecimento da realidade que modificava as injustiças.

A exigência do realismo em Lobato está relacionada com a “advertência às classes dominantes”. Era necessário levar às crianças à compreensão “de que os homens estavam indo pelo mau caminho, e que é necessário mudar de rumo. Busca-se preparar as crianças para uma prática social, não adiantaria, portanto, lhes passar noções edificantes, porém falsas” (VASCONCELLOS, 1982, p. 126).

O moralismo de Lobato entra em conflito com um amoralismo cético e pragmático que coexiste com ele. Atos imorais podem ser considerados positivos, desde que suas consequências tenham sido boas: as cruzadas, considerada obra de fanáticos, foram úteis para ampliar o horizonte dos europeus.

Se na prática o mal triunfa, então melhor ser esperto. O moralismo se apresenta sob a forma de um amoralismo cético e revoltado, como que desiludido com a imoralidade dominante. A visão transmitida é a de uma denúncia da não colocação dos grandes princípios em prática mais do que a de uma negação deles (VASCONCELLOS, 1982, p. 126-127).

É a lógica da moral que comanda a denúncia de Lobato. No livro “Fábulas”, as concepções morais são explicitamente passadas e discutidas. Acompanhando as fábulas, há comentários sobre a falta de justiça nas relações sociais ou a presença de uma justiça institucionalizada que só servia os poderosos. Há uma grande quantidade de fábulas que discutem esse assunto como “O lobo e o cordeiro”, “O julgamento das ovelhas”, O touro e as rãs”, “Os animais e a peste”. Também há aquelas que mostram como os espertos/mentirosos sempre se saem bem, mas isso não seria uma pregação do comportamento amoral e sim uma busca de outras saídas para o comportamento.

À moral habitual Lobato opõe outra alternativa. Uma moral pragmática e racionalista. “É pessimista e realista, mas representa uma busca de princípios orientadores para a conduta – outros princípios que não sejam os tradicionais, dados como hipócritas e pouco eficazes” (VASCONCELLOS, 1982, p. 130). Princípios que não sejam tradicionais, dados como hipócritas e pouco eficazes, que possam ser assumidos por reflexão e não por respeito pelas verdades estabelecidas. Em “Fábulas” há muitas histórias que simbolizam problemas corriqueiros. Em nenhuma delas se trata de ética, mas de conduta racional.

Tem-se uma relação entre moral e interesse. “O sermão moral é transformado numa tentativa de convencimento das vantagens do comportamento moral” (VASCONCELLOS, 1982, p. 131). Lobato transforma o castigo, por causa de uma má ação em suas fábulas, em uma consequência previsível do não cumprimento de um ditame da razão e não de um princípio moral propriamente dito.

Ainda sobre a moralidade nas fábulas, Coelho (1982, p. 371) enfatiza que em muitas traduções que Lobato fez de livros clássicos da literatura Infantil, eliminou a sentimentalidade piegas e criticou a moralidade nas fábulas, provocando assim “uma verdadeira revolução nas ‘verdades absolutas’ que elas vêm repetindo através dos séculos”. Monteiro Lobato foi inovador ao tratar com irreverência os problemas que existem na sociedade de sua época.

No que diz respeito à sociedade brasileira, Lobato tenta ajustar os valores, para determinar-lhes a validez. Várias fábulas escolhidas por Lobato

fazem uma denúncia bem moralista e tradicional sobre os temas da ambição, da vaidade, da pretensão de nobreza, do desejo de luxo. Trata-se de uma crítica irreverente e satírica à mesquinharia e à pretensão da elite social do tempo de Lobato. (VASCONCELLOS, 1982, p. 131).

As fábulas que podemos citar são: “A rã e o touro”, “A gralha enfeitada com penas de pavão”, “O corvo e o pavão”, “Os dois burrinhos”, “O gato vaidoso”, “O burro juiz”, dentre outras, datadas de 1922.

Há ainda fábulas sobre os problemas sociais em “Quantidade e Qualidade”, na qual o tema é o desprezo pela opinião das multidões e o apreço pela opinião dos intelectuais. No livro “Fábulas” há uma preocupação em mostrar a importância da reflexão.

No livro de Monteiro Lobato, as fábulas perdem o caráter objetivo e comprobatório que apresentam habitualmente quando utilizadas para fins educativos: deixam de ser casos que provam a moral que se tira deles para ser histórias para fazer passar uma conclusão. (VASCONCELLOS, 1982, p. 135).

O caráter persuasivo ligado às fábulas é ressaltado várias vezes no livro.

Assim, quando, logo na primeira narrativa, Narizinho contesta a fábula da cigarra e da formiga, alegando que o livro de Maeterlinck sobre a vida das formigas mostrava serem tais insetos caridosos, D. Benta retruca que as fábulas não seriam História Natural, mas de Moral [...] repete que os fabulistas muitas vezes torciam as coisas para que a fábula saísse certa [...]. (VASCONCELLOS, 1982, p. 135).

Conforme comenta Azevedo (1997, p. 58), Monteiro Lobato é arguto crítico social, um homem preocupado com o destino do seu país. Azevedo (1997) relata que Monteiro afirmou:

as fábulas em português que conheço, em geral traduções de La Fontaine, são pequenas moitas de amora do mato – espinhentas e impenetráveis. Um fabulário nosso, com bichos daqui em vez dos exóticos, se feito com arte e talento dará coisa preciosa. Fábulas assim seriam um começo de literatura que nos falta. (AZEVEDO, 1997, p. 96).

Em “Fábulas”, Lobato enfatiza a importância na formação intelectual e no caráter da criança.

As fábulas constituem um alimento espiritual corresponde ao leite na primeira infância. Por intermédio delas a moral, que não é outra coisa mais que a própria sabedoria da vida acumulada na consciência da humanidade, penetra na alma infantil conduzida pela loquacidade inventiva da imaginação. Esta boa fada mobiliza a natureza, dá falas aos animais, às árvores, às águas e tece com esses elementos pequeninos tragédias donde ressurte à moralidade, isto é, a lição da vida (AZEVEDO, 1997, p. 164).

Interessa a Monteiro estudar a possibilidade das pessoas discordarem de suas conclusões nas fábulas, pois elas são vistas como fruto das experiências, das opiniões de quem as escreve. Por isso cada capítulo tem a narração de uma fábula e comentários ou discussões dos personagens do Sítio sobre ela. Os personagens fazem uma espécie de análise da fábula de acordo com sua própria experiência, podem ou não recusar a moral ou apresentar ressalvas.

SAIBA MAIS

Fábulas

As fábulas têm a incrível função de despertar a criticidade dos fatos sociais por meio da forma como seu conteúdo é representado na história e por meio da atuação de seus personagens. As histórias apresentadas por Monteiro Lobato em “Fábulas” (1922) e em outras obras estão disponíveis para leitura e apreciação no link a seguir. Vale a pena o acesso e a visualização desse acervo tão rico e significativo para literatura nacional.

Disponível em: <http://byblosfera.blogspot.com/p/fabulas-monteiro-lobato.html>. Acesso em: 03 jul. 2019.

De acordo com Azevedo (1997), Monteiro Lobato percebeu que só por meio dos jovens seria possível apressar a modificação do mundo. Resolve dedicar-se definitivamente aos livros infantis por pensar que ao influir na formação da criança contribuirá para o Brasil do futuro. Mas faria isso se opondo ao conceito de que crianças eram adultos em miniatura.

REFLITA

Monteiro Lobato

“Um país se faz com homens e livros”

Fonte: Monteiro Lobato.

SAIBA MAIS

Caçadas de Pedrinho

Entre os anos de 2010 e 2011, o livro de Monteiro Lobato “Caçadas de Pedrinho” foi acusado de abordar os negros e as religiões africanas de forma preconceituosa. Dessa forma, o Conselho Nacional de Educação emitiu um documento em que a obra deveria ser retirada das relações de livros das escolas públicas.

Depois, após um novo parecer, o livro pôde ser mantido nas escolas, de modo que é preciso que a obra seja contextualizada pelos professores quando utilizada em sala de aula.

É preciso que o professor assuma o papel de leitor crítico e se interponha entre a obra e o leitor para que seja transmitido ao aluno a forma correta de interpretação da obra.

Leia a reportagem na íntegra em: <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2011/06/conselho-de-educacao-refaz-parecer-sobre-livro-de-monteiro-lobato.html>. Acesso em: 03 jul. 2019.

Assista também ao vídeo a seguir onde Marisa Lajolo fala sobre como a obra de Monteiro Lobato não poder ser considerada preconceituosa.: <https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=aKAUuOTQ3Vs>. Acesso em: 03 jul. 2019.

A Importância da Literatura de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato é, sem dúvida alguma, o maior expoente da  literatura infantil e infantojuvenil brasileira, e com maior importância tendo em vista todas as obras produzidas. Influenciou muitos outros escritores do universo infantil e serve como referência até os dias de hoje para essa literatura.

Quando a literatura infantil ainda tinha o caráter apenas moralizante, Monteiro Lobato introduziu temáticas inovadoras, personagens especiais e fantásticos, uma representação feminina marcante no cenário literário e uma ambientação totalmente brasileira, no que tange aos cenários utilizados como fundo de suas histórias.

O autor do Sítio do Picapau Amarelo também foi favorável ao progresso nacional na época em que escreveu, deixando permear em sua obra o cunho nacionalista que tinha e as mudanças significativamente relevantes nos âmbitos social, cultural, político e ideológico.

Todas essas contribuições influenciaram positivamente com a identificação das pessoas que liam as histórias de Lobato, sejam adultos ou crianças. O indivíduo podia reconhecer-se dentro das obras, seja pela proximidade temática, seja pela natureza da história, ou pela caracterização das personagens, dentre outros fatores, o que torna a importância da produção de Lobato ainda mais relevante para nossa história literária.

A seguir, foram elencadas algumas razões para apresentar as obras do escritor aos alunos.

As Histórias São Narradas como Fábulas

Segundo a pesquisadora Marisa Lajolo (1985), Monteiro Lobato escreveu uma carta endereçada a Godofredo Rangel em 1916, na qual manifestava a vontade de "vestir à nacional" as fábulas de Esopo e La Fontaine.

A fábula é uma narrativa breve e simples, cuja conclusão pelas ações dos personagens e pelas situações impostas, uma lição de moral. Ao optar por esta forma de narrativa, Lobato escolheu mostrar a natureza e a cultura do nosso país. Para ir além do formato tradicional, em suas histórias é possível conhecer os pontos de vista de vários personagens a respeito de uma fábula contada por outro personagem. Ele conta uma história dentro da história. Fonte: Camila Camilo (2012, online).

Personagens Femininos com Personalidade e uma Organização Familiar Não Tradicional.

As personagens femininas de Monteiro Lobato são fortes, possuem personalidades marcantes e constituem o núcleo familiar das histórias onde são narradas. Dona Benta, por exemplo, é a matriarca da família, tem autoridade e é quem decide o que vai ou não ser feito no Sítio. Narizinho é destemida e muito decidida a praticar ações junto com Pedrinho. Emília, por sua vez, é extremamente proativa, segura de si e dona de suas atitudes.

O núcleo familiar do Sítio não corresponde à estrutura de uma família convencional. [...] Os pais de Pedrinho quase não são citados. [...] Se na época em que os livros foram escritos, a situação dos personagens do Sítio do Picapau Amarelo parecia ‘avançada’, muitas famílias de hoje têm estruturas semelhantes. (CAMILO, 2012, on-line).

Essa fragmentação e a forma como a estrutura familiar está organizada, denota que Monteiro Lobato já tinha uma visão desse contexto bem à frente de seu tempo e considerava aspectos não tradicionais em suas obras.

As Obras Dão Voz às Crianças

A criança que, até então, não era considerada totalmente um indivíduo em sociedade, muito ainda vista como um ser que deve somente receber instruções moralizantes e pouco deve pensar ou sentir, tendo em vista os preceitos instaurados antes da burguesia, passa a ser considerada parte essencial na obra de Lobato.

O autor recria a infância com representantes bem delineados, como Narizinho, Pedrinho e Emília que, embora seja uma boneca, é também uma criança. Eles possuem criatividade, autenticidade e dão cor a tudo que acontece de aventuresco no Sítio.

Monteiro Lobato, dessa forma, pinta a criança como um ser pensante, capaz de tomar atitudes relevantes nos contextos em que estão inseridas, com sentimentos, ações e pensamentos bem definidos e dotados de personalidade.

Os Livros Contemplam Conteúdos Didáticos

Monteiro Lobato também se faz importante trazendo conteúdos didáticos para dentro de suas histórias.

Alguns títulos como Aritmética da Emília, Emília no país da Gramática e Histórias do mundo para crianças tratam de temas que os alunos verão na escola. [...] Lajolo e Ceccantini destaca[m] que a obra História do mundo para crianças - na qual Dona Benta narra fatos históricos aos moradores do Sítio - tem a capacidade de proporcionar boas oportunidades de reflexão e questionamento sobre a ordem mundial da época. Os professores sugerem a contextualização dos conteúdos apresentados no livro sob o ponto de vista da matriarca, como a descoberta do petróleo e as Guerras Mundiais. (CAMILO, 2012, on-line)

Lobato Enaltece e Defende a Natureza e o Folclore Nacional

A natureza brasileira, o folclore e a ambientação caipiresca no Sítio do Picapau Amarelo definem bem as escolhas que Monteiro Lobato fez ao representar o cenário pretendido em sua obra.

As crianças se encontram com o fantástico no ambiente rural, principalmente por causa das lendas que ali foram contextualizadas, o que só foi possível por conta desse ambiente. Tal cenário também contribui para o folclore nacional que é tratado de forma relevante para o autor.

No Sítio, personagens reais e fantásticos interagem o tempo todo e não causam estranheza para o leitor, pois fazem parte de um mesmo contexto que foi criado por Lobato. “Além disso, a defesa e o enaltecimento de elementos da natureza são recorrentes nas obras de Lobato, [...]” (CAMILO, 2012, on-line), como nesse exemplo contido na fala da personagem Emília em A Chave do Tamanho (1945):

- Pois é. Estava "mimetando" um galho seco. Mimetismo é isso. Não conhece aquelas borboletas carijós que se sentam nas árvores musguentas e ficam ali quietinhas? Musgo, não. Líquem. Líquem! O Visconde não quer que a gente confunda musgo com líquem.  (LOBATO, 1945, p. 35 apud CAMILO 2012, on-line).

O folclore nacional também é muito importante nas obras de Lobato. As histórias narradas perpassam a Cuca, o saci Pererê, a sereia Iara, dentre outros seres de nosso folclore nacional.

Conforme Zilberman (2005), a imaginação de Monteiro Lobato escapa de seu controle, pois parece que os personagens que inventou vivem independentemente do autor. A imaginação do autor criou Emília, Dona Benta e Visconde de Sabugosa, além do Sítio onde os seres de sua fantasia vivem. Os livros de Monteiro foram levados à televisão e seus personagens são comercializados. Mesmo fora do mundo da leitura é possível conhecer os personagens do sítio.

Figura 2.2: Os personagens do Sítio do Picapau Amarelo
Fonte: Sítio…(2016, on-line).

Em seus primeiros livros o autor apresenta os personagens. No livro “Reinações de Narizinho” (1931), ele apresenta a menina Lúcia explicando que mora com a avó, dona Benta e que Tia Anastácia havia dado à menina uma boneca de pano, de nome Emília. Esses personagens logo se juntaram ao menino Pedrinho, o primo de Narizinho, e outro boneco, o Visconde, feito de sabugo de milho. Esse núcleo de seres humanos e não humanos formam o elenco dos livros de Lobato. Dessa forma, o autor quase não precisava inventar novos personagens, somente bolar novas aventuras para eles. Esta forma deu certo, pois os personagens tinham o espírito aventureiro, de atividades desafiadoras demonstrando a personalidade dos heróis tradicionais.

As personagens e histórias de Monteiro Lobato possuem uma série de atributos, como:

  • O universo das personagens se aproxima do mundo do leitor, pois as personagens principais são crianças ou seres que são do universo infantil, como a boneca Emília.
  • As personagens são um conjunto de seres inteligentes e independentes, que possuem liberdade para inventar ações e resolver problemas, até com um pouco de falta de limites, mas reconhecem e aceitam os princípios que norteiam a ação de Dona Benta como a justiça, a ética, a fraternidade entre as pessoas.
  • As crianças, representadas por Narizinho, Pedrinho e Emília, são figuras inseridas na vida brasileira conferindo autenticidade e nacionalidade.

Autores da Literatura Infantojuvenil Brasileira

Agora, vamos conhecer outros autores da Literatura Infantojuvenil brasileira, como Ziraldo, Ruth Rocha e Pedro Bandeira.

Ziraldo

Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932, em Caratinga, Minas Gerais. Iniciou sua carreira escrevendo em jornais e revistas ainda da década de 1950 e pode ser caracterizado como cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e escritor.

Figura 2.3 -  Ziraldo
Fonte: Tomaz Silva / Wikimedia Commons.

Em 1969, Ziraldo publicou o seu primeiro livro infantil, “Flicts”, que conquistou fãs em todo o mundo. O livro conta a história de uma cor que procura seu lugar no mundo. O autor escreve num trecho do livro: “Não tinha a força do Vermelho. Não tinha a imensidão do Amarelo. Nem a paz que tem o Azul. Era apenas o frágil e feio Flicts” (ZIRALDO, 1969, p. 2-3).

REFLITA

Ziraldo

“Tudo no mundo tem cor

tudo no mundo é

Azul

Cor-de-rosa

ou Furta-cor

é Vermelho ou

Amarelo

quase tudo tem seu tom

Roxo

Violeta ou Lilás

Mas

não existe no mundo

nada que seja Flicts

[...]

Fonte: Ziraldo (1969, p. 5).

No final da década de 1970, Ziraldo focou na produção de livros infantis e, em 1980, criou o Menino Maluquinho, personagem tão especial e querido de nossa literatura infantil. O protagonista é um menino esperto, travesso e sonhador, que consegue “embarcar” até onde sua imaginação e criatividade permitir. Ele representa a essência da criança e o que há de mais belo no universo infantil.

Figura 2.4 -  Capa do livro O menino maluquinho, de Ziraldo
Fonte: Editora Melhoramentos / Wikimedia Commons.

O livro “O menino maluquinho” (1980) ganhou várias adaptações, obtendo grande sucesso no teatro, nos quadrinhos e no cinema, assim como em outro meios, representando um grande nome da literatura infantil brasileira.

SAIBA MAIS

Flict e O Menino Maluquinho

Para ler na íntegra o livro “Flict” (1969) e “O Menino Maluquinho” (1980), de Ziraldo, que trazem importantes contribuições para a literatura infantil e infanto juvenil brasileira, com temáticas infantis bem delineadas e expressivas, bem como personagens especiais que ficaram marcantes em nossa memória literária, acesse os links disponíveis em: <https://docgo.net/detail-doc.html?utm_source=ziraldo-flicts-ilustrado-pdf> e <http://meninomaluquinho.educacional.com.br/Online/maluquinho_online01.asp>. Acesso em: 03 jul. 2019.

Ruth Rocha

Uma das escritoras infantis mais conhecidas e prestigiadas, Ruth Rocha  nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de março de 1931. No ano de 1976, ela lança sua primeira obra, “Palavras Muitas Palavras”. A este livro seguiram-se mais de 130 publicações, traduzidas para 25 línguas, algumas lançadas no Parlamento Brasileiro no ano de 1976, na sede da ONU, em Nova York.

Figura 2.5 -  Ruth Rocha
Fonte: Nações Unidas (2017, on-line).

Sua ficção mais famosa é “Marcelo, Marmelo, Martelo” (1976), o qual já vendeu mais de um milhão de livros. Outros autores também fizeram sucesso com o público infantil nas décadas de 1930 e 1940, como Érico Veríssimo, Luís Jardim, Lúcio Cardoso, Graciliano Ramos, Guilherme de Almeida e Henriqueta Lisboa. E nos anos 1960, Cecília Meireles.

Após o período Lobatiano, houve uma renovação de autores, tais como: Ana Maria Machado, Bartolomeu Campos de Queiróz, Elvira Vigna, João Carlos Marinho, Lygia Bojunga Nunes, Maurício de Souza, Ruth Rocha e Ziraldo, esses dois últimos apresentados anteriormente a você.

Pedro Bandeira

Outro autor muito importante que podemos destacar na literatura infantil no Brasil é Pedro Bandeira.

Pedro Bandeira de Luna Filho nasceu em Santos, São Paulo, no dia 9 de março de 1942. Estudou o curso primário no Grupo Escolar Visconde de São Leopoldo, e o ginasial e o científico no Instituto de Educação Canadá. Em 1958 começou a participar do teatro amador. A partir de 1983, Pedro Bandeira passou a se dedicar integralmente à literatura. Publicou seu primeiro livro "O Dinossauro Que Fazia Au-Au" (1983), voltado para o público infantil, que fez um grande sucesso. Em 1984, Pedro Bandeira publica o livro “A Droga da Obediência” iniciando uma série de livros para o público infanto-juvenil denominada “Os Karas” - grupo formado por cinco jovens – Crânio, Miguel, Chumbinho, Magri e Calu, que estudavam no Colégio Elite e vivem diversas aventuras bancando detetives. Pedro Bandeira publicou mais quatro livros da série “Os Karas”: “Pântano de Sangue” (1987), “Anjo da Morte” (1988), “A Droga do Amor” (1994) e “A Droga Americana” (1999), obras que conquistaram o público infanto-juvenil, e passaram a ser indicadas para leitura no ensino médio. (EBIOGRAFIA, 2019).

Em 1972, Pedro Bandeira começou a escrever histórias para crianças publicadas em revistas e vendidas em bancas de jornal. Em 1983 publica seu primeiro livro "O Dinossauro Que Fazia Au-Au", voltado para crianças e que fez um grande sucesso. Mas foi com "A Droga da Obediência" (1984), voltado para adolescentes, que se consagrou.

Figura 2.6: Pedro Bandeira
Fonte: Jorgemaks / Wikimedia Commons.

“A droga da obediência” (1984) faz parte de “uma série de livros para o público infantojuvenil denominada “Os Karas” - grupo formado por cinco jovens – Crânio, Miguel, Chumbinho, Magri e Calu, que estudavam no Colégio Elite e vivem diversas aventuras bancando detetives” (FRAZÃO, 2019, on-line). Os outros livros da série são: “Pântano de Sangue” (1987), “Anjo da Morte” (1988), “A Droga do Amor” (1994) e “A Droga Americana” (1999).

Outros livros do autor são:

  • A Marca de Uma Lágrima (1985)
  • O Fantástico Mistério de Feiurinha (1986)
  • Agora Estou Sozinha (1988)
  • O Mistério da Fábrica de Livros (1994) (e Osnei Rocha)
  • O Grande Desafio (1996)
  • Prova de Fogo (1996)
  • Brincadeira Mortal (1996)
  • Gente de Estimação (1996)
  • O Pequeno Fantasma (1998)
  • Por Enquanto Eu Sou Pequeno (2002)
  • Alice no País da Mentira (2005)
  • Histórias Apaixonadas (2006)
  • Pânico na Escola (2013)
  • A Flecha Traiçoeira (2017)
  • As Cores de Laurinha (2019)

A Literatura Infantil, com o passar dos anos, intensificou-se na sociedade e criando seu espaço e importância. Com Monteiro Lobato vimos que a produção de livros para crianças serviu de inspiração para outros autores, pois seus livros aliavam o fantástico e o maravilhoso fazendo grande sucesso com as crianças. Muitas acreditavam que o “Sítio do Picapau Amarelo” existia realmente.

O autor recontou as fábulas de Esopo com a finalidade de demonstrar à criança erros e acertos que poderiam ter com suas atitudes e escolhas, uma forma de ensino por meio das fábulas.

Com o desenvolvimento da Literatura para crianças, o Brasil não só traduzia e adaptava, mas começava a criar sua própria Literatura por meio de autores que observavam a Literatura Infantil crescer com o auxílio da burguesia e consolidação dessa nova classe social. Autores como Ruth Rocha e Ziraldo ficaram conhecidos por suas histórias que conquistaram as crianças, como o “Menino Maluquinho”, que ficou conhecido por carregar uma panela na cabeça, e “Marcelo, Marmelo, Martelo” que questionava o nome e significado dos nomes de tudo que o rodeava.  

A história da Literatura Infantil no Brasil, por meio dos grandes autores vistos nesta unidade, foi de suma importância para a consolidação do gênero em nossa história. Antes, com o intuito comercial, sem dar voz à criança e com intuito somente pedagógico, agora, a Literatura Infantil é produzida para ensinar, divertir, passar conceitos de bem/mau, certo/errado, de introduzir o gosto pela leitura e sua importância para a vida adulta, assim como estimular a imaginação.

Mudanças na Literatura Infantil ocorreram de forma que a criança fosse considerada diferente do adulto e com necessidades específicas para sua aprendizagem e conhecimento.

Indicação de leitura

Livro: Reinações de Narizinho

Autor: Monteiro Lobato

Ano: 2009

Editora: Globinho

ISBN: 8525046728

Clássico da literatura infantil que vem atravessando gerações, o livro Reinações de Narizinho reúne seis das onze histórias que começaram a ser escritas por Monteiro Lobato, em 1920, e levaram cerca de uma década para ficarem prontas.

Neste livro, Narizinho, a neta de Dona Benta, visita o Reino das Águas Claras e leva com ela a boneca de pano Emília. Com a chegada de Pedrinho, o primo da menina do nariz arrebitado que veio passar férias no Sítio do Picapau Amarelo, as reinações de Narizinho ficam ainda melhores. As crianças se divertem fazendo o Visconde com um sabugo de milho e planejando o casamento de Emília com o leitão Rabicó.

Indicação de leitura

Livro: Fábulas

Autor: Monteiro Lobato

Ano: 1994

Editora: Brasiliense

ISBN: 9788511190076

Neste livro, Monteiro Lobato reescreve as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, que ressurgem com um sabor todo especial: são comentadas o tempo todo e até criticadas.

Diversas fábulas integram essa antologia, entre as quais: A Cigarra e as Formigas; O Velho, o Menino e a Mulinha; A Morte do Lenhador e tantas outras.

Atividade

Tendo em vista as características, as escolhas temáticas e o engajamento social nas obras de Monteiro Lobato, assinale o que for correto.

Lobato optou por se manter longe dos problemas sociais da época e desenvolvia uma literatura voltada apenas para fantasia infantil.

Incorreta: A noção de nacionalismo, o tipo de representação do Brasil, as soluções propostas para os problemas brasileiros e o tipo de oposição contra as autoridades estavam contidas na obra de Lobato. Ele era um escritor engajado e tinha consciência de como era a sociedade. Seus temas são relativos à nossa história e problemas sociais em geral

Monteiro Lobato constrói uma literatura preocupada apenas na transmissão de valores para as crianças, ficando a cargo de outros autores ampliar a função da literatura infantil.

Incorreta: Lobato não se preocupa em passar apenas determinados valores para as crianças. Julga necessário despertar nos leitores uma atitude de desconfiança e crítica, torná-los capazes de pensar por si próprio e serem questionadores.

Monteiro Lobato inova ao desenvolver a literatura infantil por adotar um ar mais realista da vida e da sociedade, o qual era apresentado em suas obras.

Correta: O moralismo em Lobato não pode tomar o tom edificante que normalmente tem nas obras para crianças. Acreditava que era o conhecimento da realidade que modificava as injustiças e, assim, adota estratégias realistas não enganando as crianças, fazendo, por exemplo, o bem sempre vencer.

O realismo na Literatura de Lobato coincide com a literatura infantil escrita até então no Brasil.

Incorreta: Não havia realismo na literatura infantil escrita até o momento que Monteiro Lobato desenvolve essa literatura no Brasil. A exigência do realismo em Lobato está relacionada com a “advertência às classes dominantes”. Era necessário levar as crianças à compreensão da conduta errada ou incorreta dos homens e que é necessário mudar de rumo. Assim, a preocupação era em preparar as crianças para uma prática social, não cabendo, portanto, transmitir somente ações edificantes, porém falsas.

O moralismo nas obras de Lobato é algo considerado inquestionável e indubitavelmente certeiro.

Incorreta: O moralismo de Lobato entra em conflito com um amoralismo cético e pragmático que coexiste com ele. Atos imorais podem ser considerados positivos, desde que suas consequências tenham sido boas: as cruzadas, considerada obra de fanáticos, foi útil para ampliar o horizonte dos europeus.

Atividade

Em relação ao estilo literário adotado e os recursos presentes nas obras de Monteiro Lobato, pode-se afirmar que:

Um dos atributos que podemos designar na obra de Lobato é que o universo da ficção se aproxima do universo da realidade da criança.

Correta: Pode afirmar que nas obras de Lobato o universo das personagens se aproxima do mundo do leitor, pois as personagens principais são crianças ou seres que são do universo infantil como a boneca Emília, por exemplo.

As personagens construídas são, na maioria, crianças e apresentam-se de forma estática e inflexível.

Incorreta: Incorreta. Há várias crianças, de fato, como os personagens Narizinho, Pedrinho e Emília, que apesar de ser uma boneca é criança, ambos do Sítio do Picapau Amarelo. Mas elas não se apresentam de forma estática e inflexível, pelo contrário. Lobato encontrou uma fórmula para que esses personagens se apresentassem sempre de forma destacada. Esse núcleo de seres humanos e não humanos formam o elenco dos livros de Lobato. Dessa forma, o autor quase não precisava inventar novos personagens, somente bolar novas aventuras para eles. Esta forma deu certo, pois os personagens tinham o espírito aventureiro, de atividades desafiadoras demonstrando a personalidade dos heróis tradicionais.

Lobato recria o ambiente urbano, na maioria de suas histórias, divertindo as crianças com as diversas aventuras que viviam.

Incorreta: Na construção do Maravilhoso, Lobato cria um mundo ficcional próprio a partir da natureza e coisas diversas do mundo, sempre relacionando a esfera imaginária com a realidade. Com a ficção, o autor divertia as crianças além de ensiná-las a pensar o mundo através dela.

As personagens apresentadas nas obras de Lobato são medrosas, dependentes e possuem um caráter maldoso.

Incorreta: As personagens nas obras de Lobato são um conjunto de seres inteligentes e independentes, que possuem liberdade para inventar ações e resolver problemas, até com um pouco de falta de limites, mas reconhecem e aceitam os princípios que norteiam a ação de Dona Benta como a justiça, a ética, a fraternidade entre as pessoas.

Todas as crianças representadas nas obras de Lobato possuem características frágeis e sensíveis, bem como são qualificadas com tendo boa educação.

Incorreta: O emprego de plebeísmos infantis, de certos termos como: “sorriso caramujal” e “fera espirradeira” podem ser pitorescos, mas não se explica o uso de expressões grosseiras e vulgares, xingamentos como, expressões usadas por Emília para falar com Anastácia, por exemplo. Narizinho e Pedrinho também possuem uma personalidade forte e atrevida, sendo, consideradas crianças que protagonizam as obras de Monteiro Lobato.

Atividade

Além de Monteiro Lobato, outros autores também se destacaram no cenário da Literatura infantil e infantojuvenil no Brasil. Sobre eles analise as alternativas e assinale a que for correta.

Ziraldo se preocupou muito mais com a questão comercial e mercadológica de suas obras do que com a literatura em si escrita para o público infantil.

Incorreta: “FLICTS”, escrita em 1969 e “O menino maluquinho”, em 1980 são as obra de Ziraldo mais conhecidas do público infantil, que tornaram-se conhecidas por se preocuparam em expressar outras questões, mais individuais e específicas da vida da criança. FLICTS, por exemplo, conta a história de uma cor que procura seu lugar no mundo, fazendo referência às questões filosóficas que todo ser humano em formação perpassa. O sucesso de vendas e as mais diversas adaptações e usos dessas obras foram apenas uma consequência do talento do autor representado nelas.

Pedro Bandeira é considerado um dos maiores expoentes da Literatura infantojuvenil brasileira na atualidade e o que mais vende livros deste caráter em nosso país, a exemplo de “A droga da obediência”.

Correta: É o autor de literatura juvenil que mais vende no Brasil (10,8 milhões de exemplares até 2009, além de 11,2 milhões adquiridos pelo governo federal para distribuição às bibliotecas escolares).

Em 1972, Pedro Bandeira começou a escrever histórias para crianças, publicadas em revistas e vendidas em bancas de jornal. Em 1983 publica seu primeiro livro "O Dinossauro Que Fazia Au-Au", voltado para as crianças, que fez um grande sucesso. Mas foi com "A Droga da Obediência", voltado para adolescentes, que ele considera seu público-alvo, que se consagrou.

Entre seus livros mais famosos estão:

O fantástico mistério de Feiurinha

A Droga da Obediência

Droga de Americana!

Ruth Rocha, outra escritora brasileira, também escreveu histórias infantis, mas sem tanta representatividade, como as obras “Palavras Muitas Palavras” e “Marcelo, Marmelo, Martelo”.

Incorreta: Ruth Rocha, outra expoente da literatura infantojuvenil brasileira lançou no ano de 1976 sua primeira obra, “Palavras Muitas Palavras”. A este livro seguiram-se mais de 130 publicações, traduzidas para 25 línguas, algumas lançadas no Parlamento Brasileiro no ano de 1976, na sede da ONU, em Nova York. Outra obra, sua ficção mais famosa, é “Marcelo, Marmelo, Martelo”, que questionava o nome e significado dos nomes de tudo que o rodeava, o qual já vendeu mais de um milhão de livros.

Ziraldo e Ruth Rocha foram criticados por se preocuparam pouco com as temáticas voltadas à criança em suas obras.

Incorreta:  A obra “FLICTS”, de Ziraldo, conta a história de uma cor que procura seu lugar no mundo, fazendo referência às questões filosóficas que todo ser humano, e a criança, em formação perpassa. “O menino maluquinho” narra uma história em que o protagonista é uma criança diferente e especial, de certa forma. “Marcelo, Marmelo e Martelo”, de Ruth Rocha apresenta a história de um menino que questionava o nome e o significado de todos os nomes de tudo que o rodeava, típico da curiosidade aguçada das crianças, o que faz com que todas essas obras assumam um caráter engajado no universo infantil e nas características inerentes a ele.

Apenas Ziraldo, Ruth Rocha e Pedro Bandeira podem ser considerados os sucessores de Monteiro Lobato na literatura infantil e infantojuvenil produzida no Brasil, pela representatividade que tiveram em suas publicações.

Incorreta: Muitos outros autores também fizeram sucesso com o público infantil. Podemos citar nos anos 1930 e 1940 nomes como Érico Veríssimo, Luís Jardim, Lúcio Cardoso, Graciliano Ramos, Guilherme de Almeida e Henriqueta Lisboa. E nos anos 1960 Cecília Meireles.

Após o período Lobatiano, houve uma renovação de autores como: Ana Maria Machado, Bartolomeu Campos de Queiróz, Elvira Vigna, João Carlos Marinho, Lygia Bojunga Nunes, dentre outros que produziram boas obras infantis no Brasil, cada qual com suas características e especificidades próprias desse universo.

Unidade Concluída

Selecione o botão "Avançar" para continuar.

Avançar
A+A-